Lekka Bordados e Cia

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Ponto Cruz - 2800 anos ou mais...

Ponto Cruz é, sem dúvida, um dos mais populares bordados existentes. É comum encontrar informações que situam sua origem no período medieval. Sem dúvida, a partir da Idade Média a história pode ser contada com mais segurança. Entretanto, um dos mais antigos exemplos de bordado em ponto cruz é um fragmento de tecido encontrado em uma tumba no Alto Egito. A data estimada é sexto ou sétimo século AC. Há evidências de entre 600 e 900 DC o bordado em ponto cruz pode ter se espalhado pelo ocidente, vindo através das rotas de comércio entre a China e a Europa. Até o renascimento, são raros os exemplos de Ponto Cruz executado sozinho, era mais comum que aparecesse como uma adição ao trabalho com outros pontos. No século XVI, o bordado deixa de ser uma forma de arte direcionada à decoração de igrejas e paramentos sacros para se tornar um passatempo doméstico. Começam a ser produzidas mais roupas, para casa e para vestir; surgem os "samplers" - exemplum, marcador de pontos, amostra. Estes "samplers" faziam parte do patrimônio da família, acumulando-se por gerações. O bordado se populariza com a invenção da imprensa, pois esquemas bem impressos e em maior variedade tornaram-se mais acessíveis. Considera-se que o primeiro livro de esquemas para bordar foi publicado na Alemanha em 1524. Por volta da metade do século XIX, cerca de 14.000 livros já tinham sido produzidos, com esquemas coloridos à mão sobre uma base quadriculada. No século XVI, a chegada dos novos pigmentos, originários das Américas, é outro aspecto a ser considerado como responsável pela popularização do bordado. No século XIX o ponto Cruz é imensamente popular na Europa e Estados Unidos, tendo sido vendidos cerca de dois milhões de cópias do Álbum de Bordados em Ponto Cruz publicado por Thérèse de Dillmont. É na metade deste século que começam a ser usados os esquemas tais como conhecidos hoje: em branco e preto, com as cores representadas por símbolos. Após um período de esquecimento, o ponto cruz reaparece no século XX, especialmente a partir dos anos 80. São notáveis as mudanças ocorridas, abarcando desde os materiais usados até a temática adotada para os esquemas. O ponto cruz moderno trabalha com muitas cores, mistura fios de texturas diferentes, reproduz desenhos extremamente complexos. Usa intensamente os sombreados - obtidos por fios cujas gamas de cor podem ter até 12 tonalidades entre a cor mais clara e a cor mais escura. Os desenhos mais antigos trabalhavam com contrastes fortes, cores vivas e em número consideravelmente menor que os atuais. As figuras e desenhos estilizados cederam lugar a desenhos realistas, cheios de detalhes. As mudanças de estilo do ponto cruz, dos anos 80 até os dias atuais podem ser facilmente observadas por meio de publicações fáceis de encontrar no mercado brasileiro. Aliás, o próprio mercado brasileiro se adapta com uma rapidez espantosa aos desejos e necessidades das bordadeiras. No início dos anos 90, contávamos com cerca de 80 cores de linha, nenhum bastidor com trava, cânhamo branco e bege. Agulhas e tesouras? Só as de costura! E um horror de tecido de quadradinhos que não eram quadradinhos - eram retângulos. Nenhuma revista era publicada. As coisas começam a melhorar com as importações - revistas, livros, fios, tecidos. Aos poucos, a oferta de produtos nacionais aumentou, tanto em quantidade como em qualidade. Atualmente, tudo pode ser encontrado no mercado brasileiro, embora ainda com muitos importados e com a produção nacional deixando a desejar em termos que qualidade e variedade.

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